Daniela Arbex reafirma seu lugar como uma das jornalistas mais relevantes do país, veterana em reportagens de fôlego - premiada por duas vezes com o prêmio Jabuti - ao reconstituir de maneira sensível e inédita os eventos da madrugada de 27 de janeiro de 2013, quando a cidade de Santa Maria perdeu de uma só vez 242 vidas.
Foram necessárias centenas de horas dos depoimentos de sobreviventes, familiares das vítimas, equipes de resgate e profissionais da área da saúde - ouvidos pela primeira vez neste livro -, para sentir e entender a verdadeira dimensão de uma tragédia sobre a qual já se pensava saber quase tudo. A autora construiu um memorial contra o esquecimento dessa noite tenebrosa, que nos transporta até o momento em que as pessoas se amontoaram nos banheiros da Kiss em busca de ar, ao ginásio onde pais foram buscar seus filhos mortos, aos hospitais onde se tentava desesperadamente salvar as vidas que se esvaíam. Foi também em busca dos que continuam vivos, dos dias seguintes, das consequências de descuidos banalizados por empresários, políticos e cidadãos.
A leitura de "Todo dia a mesma noite" é uma dolorosa e necessária tomada de consciência, um despertar de empatia pelos jovens que tiveram seus futuros barbaramente arrancados. Enxergá-los vividamente no livro é um exercício que afasta qualquer apaziguamento que possamos sentir em relação ao crime, ainda impune.
Opinião: Apesar de adorar ficção, vira e volta eu leio um livro de não-ficção. Faz uns três anos, pelo que me lembro, li Haiti, Depois do Inferno do também jornalista brasileiro Rodrigo Alvarez e eu fiquei bastante chocada com tudo que li naquele livro, que por sinal é maravilho e que também indico bastante. Por ter ficado tão chocada, eu evito ler sobre essas tragédias mas quando soube do lançamento desse livro me bateu uma enorme curiosidade e eu quis ler. Apesar de ter acompanhado as reportagens sobre o que aconteceu eu precisava ter em mãos uma reportagem em que eu fosse informada ao mesmo tempo em que conseguisse parar e tentar digerir a informação que me tava sendo passada, por isso resolvi fazer essa leitura.
Todo dia a mesma noite é uma reportagem visceral, triste e necessária sobre o que aconteceu na boate Kiss, é um livro que todo mundo, absolutamente todo mundo, deveria ler, pois é chocante como atitudes de alguns indivíduos podem transformar em horror a vida de muitas famílias.
Indico esse livro caso você queira ir além (muito além) do que foi noticiado na TV. Se você quer conhecer um pouco sobre as pessoas que se foram e seus familiares, a escrita da Daniela é muito boa e fluída.
Quando nós pensamos em tudo que aconteceu em Santa Maria, nós sempre lembramos das mortes, dos 242 dois jovens, particularmente além disso eu pensava raramente nos pais daqueles jovens, mas essa reportagem mostra que 242 vidas foram perdidas e outras centenas foram drasticamente afetadas e de forma irreversíveis.
Pais, irmãos, filhos, sobrinhos, avós, policiais, médicos, enfermeiros, bombeiros, e amigos.
O livro além de falar sobre todos os que se foram também fala por aqueles que ficaram, pelos que tiveram que lidar com a dor de perder um e até dois filhos, de perder três amigos, de perder o pai e a mãe, de perder dois netos, de ver centenas de mortos na sua frente de conhecer grande parte deles, de está atendendo um paciente e saber que um dos mortos é seu filho, de carregar corpos até os braços doerem.
O livro também conta detalhes sobre a investigação e o processo sobre o que houve na boate Kiss, além da explicação que os órgãos responsáveis deram para justificar o fato da boate está funcionando com autorização desses órgãos, porém sem estar cumprindo todas as normas de segurança.
Esse livro é um chamado pra que nós venhamos nos atentar pois nenhuma cidade está livre de ser a próxima Santa Maria.
Não sei como avaliar esse livro, não sei quantas estrelas eu deveria dá, com certeza mais de duzentos e quarenta e duas.
É isso beijão e até mais.
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